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A Ciência Pode Te Ajudar a Ser Mais Feliz?

Em um experimento, a renomada cientista Barbara Fredrickson da Universidade da Carolina do Norte, colocou um grupo de pessoas para assistir vídeos positivos, outro para assistir vídeos negativos, e um terceiro para assistir vídeos neutros. Em seguida, os participantes deveriam realizar a seguinte tarefa: faça uma lista de todas as atividades que você gostaria de fazer hoje. Fredrickson descobriu que os participantes que assistiram vídeos positivos fizeram listas mais longas de atividades que gostariam de fazer naquele dia, em comparação com os outros grupos. Isso significa que logo depois de passar por momentos felizes, as pessoas ficam mais motivadas, ou seja, querem se envolver em mais atividades. Em uma intervenção similar, Fredrickson descobriu que as pessoas também ficavam mais atentas a uma tarefa minutos depois de terem assistido vídeos positivos. Outros cientistas que realizaram estudos similares aos de Fredrickson, descobriram também um efeito positivo na criatividade das pessoas quando elas estão vivenciando momentos de felicidade. Já a cientista Sonja Lyubomirsky da Universidade da Califórnia, realizou uma meta-análise de 225 estudos envolvendo mais de 275 mil pessoas, em que foi concluído que pessoas felizes são 31% mais produtivas, vendem até 88% a mais e são 300% mais criativas. 

Barbara Fredrickson e Luiz Gaziri em Chapel Hill, NC – 2018. Durante as entrevistas que fiz para o meu livro “A Ciência da Felicidade.”

Joseph Forgas, cientista da Universidade de New South Wales, revela em suas pesquisas que quando de bom humor, as pessoas são mais generosas, cooperativas e prestativas; lembram com mais facilidade de momentos positivos da vida; aprovam desconhecidos mais rapidamente; e inclusive, negociam de forma mais justa. 

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Apesar de todas essas vantagens, o que intriga cientistas no mundo todo é o fato de que mesmo sendo um desejo comum do ser humano, a maioria das pessoas não sabe o que verdadeiramente gera felicidade. Nós acreditamos piamente que o novo modelo de carro elétrico, uma promoção no trabalho, o casamento, o nascimento de filhos e até o ganho inesperado de uma farta herança nos trarão felicidade duradoura, no entanto, com o passar do tempo nos acostumamos que esses fatos e nossa felicidade retorna aos níveis anteriores. Os cientistas chamam de Adaptação Hedônica a facilidade com a qual o ser humano se adapta a dinheiro e bens materiais, classificando-a como a principal inimiga da felicidade. Parte desse desencontro entre nossas expectativas sobre o que nos deixará felizes e o que, de fato, nos deixa felizes, pode ser explicada por um fenômeno conhecido como Predição Afetiva – uma descoberta do brilhante cientista da Harvard, Dan Gilbert. O cientista afirma que as pessoas preveem que ficarão extremamente felizes quando chegarem em casa depois de um dia de trabalho, sentarem-se no sofá e assistirem suas séries favoritas do Netflix na companhia de uma bela pizza. No entanto, se medirmos a felicidade dessas pessoas enquanto elas estão realizando essas atividades, descobriremos que elas estão significativamente menos felizes do que imaginavam. Outra falha cognitiva que nos leva a decisões imprecisas sobre a felicidade, foi nomeada como Viés do Impacto, que é a ilusão que temos de que quando algo grandiosamente positivo acontecer em nossa vida, como ganhar na Mega Sena, isso terá um impacto duradouro em nossa felicidade. Cientistas como Rafael Di Tella, da Harvard, e Grant Donnelly, da Ohio State, revelam no entanto que mesmo milionários se acostumam com suas riquezas e não se consideram perfeitamente felizes. Daniel Kahneman, cientista da Princeton e ganhador do Prêmio Nobel, desenvolveu uma intervenção que mede exatamente esse desencontro entre previsão e realidade, chamada de Método de Reconstrução Diária. Ao analisar a felicidade das pessoas enquanto elas estão envolvidas em atividades como assistir televisão, Kahneman descobriu que elas reportam ter emoções positivas fracas em comparação com outras atividades que nem imaginavam que as deixariam felizes. Esse é um dos motivos pelos quais a ciência é tão fantástica, pois ela pode realizar testes para descobrir o que gera felicidade universal e assim, podemos deixar de investir em atividades que não nos trarão os resultados esperados.

Daniel Kahneman e seus colegas descobriram que atividades como assistir TV, cuidar dos filhos e navegar na internet, trazem menos felicidade do que as pessoas imaginam

Felizmente, as descobertas sobre o que nos gera felicidade autêntica são abundantes. Cientistas da Harvard, Stanford, Universidade da Pennsylvania e outras instituições de prestígio, revelam que ações como gastar dinheiro com outras pessoas nos deixa mais felizes do que gastar com nós mesmos; que investir em experiências como viagens, passeios e shows nos deixa infinitamente mais felizes do que investir em carros, bolsas e sapatos; que escrever os cinco acontecimentos do dia pelos quais somos gratos, antes de dormir, aumenta exponencialmente a felicidade; que expressar nosso reconhecimento para as pessoas que nos ajudaram, principalmente de forma presencial, gera grandes emoções positivas; que ajudar familiares, colegas de trabalho e desconhecidos, assim como prestar atos voluntários de bondade, traz mais bem-estar do que receber ajuda; que caprichar nas interações que você tem com as mais variadas pessoas no dia a dia, deixando seu telefone no bolso e tratando-as de forma gentil e atenciosa, é um dos caminhos mais curtos para chegar a felicidade; e que se expor ao máximo a pessoas, filmes, ambientes e notícias positivas é um dos maiores preditores de excelente saúde-mental.

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No entanto, para a construção do bem-estar e saúde mental, é necessário conhecermos também os efeitos das emoções negativas. Toda vez que sentimos medo, ansiedade ou insegurança, uma parte do nosso cérebro chamada de amídala entra em atividade. A ativação da amídala comanda a liberação dos hormônios cortisol e epinefrina, que causam um aumento nos batimentos cardíacos, uma dilatação nos vasos e um aumento na velocidade do fluxo sanguíneo, ajudando um grande volume de sangue a chegar com rapidez aos músculos da perna. Esse mecanismo é conhecido como Lutar ou Correr, e foi muito útil aos nossos ancestrais, que precisavam frequentemente escapar de predadores. No longo prazo, porém, a ativação frequente desse mecanismo desgasta o sistema circulatório. Além disso, para mobilizar energia com rapidez, o cortisol traz com ele uma grande carga de glicose, fazendo com que o indivíduo constantemente estressado tenha mais chances de sofrer com diabetes, doenças cardíacas e circulatórias. Robert Sapolsky, cientista da Stanford, aponta que o ser humano é a única espécie que consegue causar estresse a si mesmo. Diferentemente de nós, zebras não passam seu tempo livre confabulando sobre como guepardos comunistas querem dominar a selva e submeter todos os animais à “Nova Ordem Selvagem.” Apenas os humanos conseguem criar delírios como esse e causar males à sua própria saúde.

Minha visita à Harvard em 2018, em que conversei com Grant Donnelly, cientista que descobriu que mesmo milionários são insatisfeitos com suas vidas e a forma como gastamos o nosso dinheiro é mais importante do que quanto ganhamos.

Levando em consideração que situações estressantes reais são inevitáveis, não é sábio criar estresse para si mesmo. Mesmo assim, é preocupante a quantidade de pessoas que passam grande parte de seu tempo em grupos de aplicativos de mensagens se preocupando com guepardos imaginários que estão à espreita para dominar o mundo. O risco de comportamentos como esse é o aumento desnecessário de emoções negativas no dia a dia. Uma das descobertas mais importantes que Barbara Fredrickson realizou é conhecida como a Proporção da Positividade. Em dezenas de experimentos científicos, Fredrickson descobriu que indivíduos com saúde-mental e felicidade invejáveis, seguiam o padrão de construir 2,9013 emoções positivas para cada emoção negativa. O questionamento que você deve fazer a si mesmo, é quanto o seu grupinho favorito de WhatsApp está contribuindo com essa proporção. Isso significa que, da mesma maneira que geramos estresse a nós mesmos, podemos construir nossa própria felicidade. Durante 20 anos, Fredrickson acumulou evidências para desenvolver a Teoria da Expansão e Construção, demonstrando que emoções positivas expandem a nossa mente, aumentam a nossa motivação e criatividade; já o acúmulo das emoções positivas constrói um indivíduo mais otimista e resiliente.

Mas a construção da felicidade não é tão simples assim. Mesmo com intervenções para aumentarmos nossas emoções positivas e reduzirmos as negativas, grande parte da nossa felicidade depende da genética e do ambiente. É uma unanimidade entre os cientistas que, em primeiro lugar, um ambiente propício é condicional para a felicidade das pessoas. Assim, os moradores de países ou comunidades pobres, que vivem em ambientes violentos, sem saneamento básico ou escolas de qualidade, podem realizar todas as ações descobertas pela ciência para construir felicidade e mesmo assim terão uma saúde mental longe do ideal. O cientista Paul Bloom, da Yale, afirma que a genética passa a importar somente quando todas as pessoas vivem em um ambiente onde é possível florescer. Jogar toda a responsabilidade de ser feliz nas costas do indivíduo, portanto, é uma escolha que pode causar mais casos de condições mentais negativas. Nesse sentido, as políticas públicas e as estratégias corporativas no Brasil devem ter como prioridade a construção de um ambiente mais favorável à felicidade das pessoas, o qual ainda estamos há milhares de quilômetros. Vai que com as escolhas certas, podemos redefinir o que é o jeitinho brasileiro?

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Um grande abraço,

Luiz Gaziri

Professor de Pós-Graduação na Unicamp e FAE Business School

Autor de “A Arte de Enganar a Si Mesmo, “A Ciência da Felicidade”, “A Incrível Ciência das Vendas” e “Os Sete Princípios da Felicidade.”

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